O objetivo da obra é buscar generalizações que possam desvelar na produção das telenovelas os dispositivos de apresentação e atualização dos discursos hegemônicos, que reproduzem e fazem interagir o sistema simbólico com o sistema social, servindo para modelar as práticas cotidianas dos telespectadores. Em seu contexto mais amplo, dentro de um eixo analítico da construção social dos discursos, das identidades e das representações simbólicas, o texto busca compreender como a mídia, cada vez mais, exerce o poder de construir consciências, desempenhando o papel de dispositivo de controle, organização, administração e gerenciamento social. Outro aspecto considerado é o processo pelo qual as telenovelas ativam e desativam a memória coletiva, através da atualização de determinados discursos. Após ler esse livro, nunca mais você assistirá à telenovela do mesmo jeito. Em seu contexto mais amplo, dentro de um eixo analítico da construção social dos discursos, das identidades e das representações simbólicas, o texto busca compreender como a mídia, cada vez mais, exerce o poder de construir consciências, desempenhando o papel de dispositivo de controle, organização, administração e gerenciamento social. Os discursos midiáticos endereçados aos telespectadores estão fundamentados no desejo de uma falta, visando atender a determinadas carências simbólicas, afetivas, psicológicas, culturais, sociais e econômicas. Mas outros desejos, que não aqueles previstos originalmente pelos que produzem televisão, podem ser aliciados pelos telespectadores. Ao ser requisitado pela mídia para articular seu desejo com o desejo do outro (no caso o desejo da mídia) ou substituir seu desejo pelo desejo que lhe é sugerido, o telespectador pode concluir que as compensações simbólicas que lhe são prometidas não lhe satisfazem. As carências sugeridas pela mídia passam a ser as carências dos telespectadores, pois a mídia interpela o telespectador incessantemente: você tem fome de quê? Você tem sede de quê? Você tem desejo de quê? Quais são suas expectativas? Quais são seus sonhos e fantasias? A mídia constrói nos telespectadores o desejo de desejar, transformando-se em um lugar ‘privilegiado’ onde, supostamente, o indivíduo “tomaria consciência de seus próprios desejos e necessidades”, não fosse o engano, a ilusão e a superficialidade discursiva presentes nesse processo simbólico. Ao telespectador cabe se descobrir dentro dessa7 malha de projeções e introjeções, na maioria das vezes distanciadas de sua identidade e deslocadas do seu espaço/tempo social. O consumo dos discursos midiáticos altera as formas de exercício da cidadania, passando as demandas sociais a derivar dos discursos midiáticos e a eles subordinar-se. Cada vez mais, nos afastamos da época em que as identidades eram definidas por processos presenciais de interação, pois o superdimensionamento do consumo dos discursos mediatizados transformou a mídia numa nova instância definidora da capacidade do sujeito em tomar consciência da realidade. Os enredos das telenovelas transformaram-se não apenas em lugar de apresentação e exposição de sonhos, desejos e fantasias, mas também em um lugar onde o sujeito social vai buscar subsídios para satisfazer suas carências simbólicas e sublimar algumas de suas necessidades materiais. As sugestões contidas nos enredos são capazes de orientar as relações e o desempenho dos papéis sociais. As telenovelas transformaram-se em um lugar de descarga emocional (catarse), com a ilusória realização dos desejos que as condições de vida dos telespectadores, muitas vezes, não lhes permitem. Ao pretender deslocar simbolicamente o telespectador do seu contexto sociocultural, para que ele absorva novos sentidos e adote outras práticas e comportamentos, a telenovela instaura algumas relações simbólicas que têm como principal objetivo a despolitização dos discursos socialmente conflituosos.
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